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Combate à Tuberculose

Este artigo, de autoria do Professor Marcelo Rabahi, foi publicado no jornal O Popular, edição de 24/03/2015, faz referência ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose e por isso transcrito aqui. O Professor Doutor Marcelo Fouad Rabahi é titular da Faculdade de Medicina da UFG e diretor de Ensino e Pesquisa do Hospital Alberto Rassi (HGG).

Que país é esse?

O dia 24 de março é marcado em todo o mundo como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A data faz referência ao descobrimento do bacilo causador da doença, em 1882, pelo médico alemão Robert Koch. O Brasil está entre os 22 países do mundo responsáveis por 80% dos casos e apesar de existirem medidas de prevenção e tratamento ainda morrem quase 5 mil pessoas todo ano no País pela doença.

Embora tenha sido descoberta há 133 anos, os desafios ainda são grandes. Há quase um ano, o Ministério da Saúde vem discutindo alternativas para a falta do teste utilizado para detectar a infecção pelo bacilo da tuberculose em grande parte dos postos de saúde e hospitais públicos do País: o chamado teste tuberculínico, também conhecido como PPD, padronizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1951. Mesmo com todas as limitações, ainda tem sua utilização recomendada para o diagnóstico da infecção pela tuberculose. A falta desse teste no atendimento a pacientes de risco para desenvolver a doença tem sido um grande desafio para os profissionais de saúde no enfrentamento da tuberculose.

Não obstante problemas para identificar possíveis infectados pelo bacilo, nos últimos dias a tuberculose voltou a ser notícia nos jornais, dessa vez pela falta da vacina. Utilizada pela primeira vez em 1921, a vacina BCG é fundamental na proteção contras as formas mais graves de tuberculose, como a meningite por tuberculose e a tuberculose disseminada. Essa vacina faz parte do Programa Nacional de Vacinação e é obrigatória, devendo ser aplicada no primeiro mês de vida. Segundo o Ministério da Saúde, os laboratórios que produzem a vacina passaram por reforma para melhorar a qualidade e as entregas estão atrasadas.

Mas onde está o planejamento do Ministério da Saúde? Onde está a responsabilidade dos gestores para lidar com a vida das pessoas? Uma questão tão básica como esta de fazer uma programação para distribuição da Vacina BCG ou teste para detectar a infecção, ambos com mais de 50 anos de utilização, serem alterados ou paralisados por reforma estrutural ou falta de produção, sinaliza para uma negligência perante a saúde pública.

“Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação.” Essa foi a emblemática frase de Renato Russo que pode ficar na cabeça daqueles pais que tiverem seus filhos com meningite por tuberculose e sequelas pelo resto da vida porque o cronograma de distribuição das vacinas foi alternado pelo Ministério da Saúde. Que país esse?

 

Marcelo Fouad Rabahi é professor titular da Faculdade de Medicina da UFG, diretor de ensino e pesquisa do Hospital Alberto Rassi (HGG)