Teste da Orelhinha

Serviço de Otorrinolaringologia implanta Programa de Triagem Auditiva Neonatal

Conhecido como Teste da Orelhinha, o programa inclui a realização do exame que identifica problemas auditivos em recém-nascidos e o tratamento em bebês com até seis meses de idade

 

 

Em prol da saúde auditiva infantil, o Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da UFG implantou recentemente o Programa de Triagem Auditiva Neonatal Universal (PTANU), mais conhecido como Teste da Orelhinha. Ainda em fase de adaptação, o programa tem por objetivo avaliar o funcionamento da cóclea (órgão responsável pela audição) de todos os recém-nascidos da maternidade do HC, utilizando o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas.  Em 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei n.º 12.303, que tornou obrigatória a realização deste exame em todos hospitais e maternidades do país.

O “teste da orelhinha” é recomendado para bebês de até três meses de vida e seu objetivo é detectar problemas auditivos. O exame de emissões otoacústicas é realizado durante o sono natural do bebê, sem incomodá-lo. Apesar de muitas mães ficarem apreensivas quanto ao exame, acreditando que pode machucar o bebê, ele é seguro, rápido e pode ser feito durante a internação.

De acordo com o chefe do Serviço de Otorrinolaringologia e também Coordenador do PTANU do HC-UFG, otorrinolaringologista Claudiney Cândido Costa, a surdez neonatal é considerada a doença congênita que ocorre com mais frequência (30:10.000 recém-nascidos) quando comparada outras condições encontradas ao nascimento como, por exemplo, a fenilcetonúria (1:10.000); anemia falciforme (2:10.000) e hipotireoidismo (2,5:10.000).

Em uma pesquisa realizada pela fonoaudióloga do Serviço, Valeriana de Castro Guimarães, para sua Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFG, foram avaliados 226 recém-nascidos, entre os quais foi detectada a prevalência de alterações auditivas em 0,9%.

Claudiney relata que a perda de audição em recém-nascidos é geralmente silenciosa. Por essa razão, a identificação e o tratamento do problema são, na maioria das vezes, retardados.  “No que diz respeito ao seu impacto, um diagnóstico tardio ou quando não diagnosticada a deficiência auditiva provocam graves efeitos sobre a criança, podendo levá-la ao atraso e à dificuldade no desenvolvimento da linguagem e da fala, além de problemas nos aspectos social, emocional, cognitivo e psicológico, e ainda gerar baixo rendimento e insucesso escolar”, afirma o especialista.

A detecção da surdez e a intervenção iniciada até os seis meses de idade garantem à criança deficiente auditiva um desenvolvimento tanto no aspecto linguístico quanto no aspecto social comparáveis aos das crianças ouvintes da mesma faixa etária. Sabe-se que os primeiros seis meses de vida são importantíssimos para o desenvolvimento infantil do bebê surdo. Então, a identificação de perdas auditivas deve iniciar pela triagem auditiva, seguido do diagnóstico e intervenção precoces.

Coordenado pelo médico Claudiney Cândido Costa, e tendo como responsável a fonoaudióloga do Serviço, Valeriana de Castro Guimarães, o Programa de Triagem Auditiva Neonatal Universal do HC-UFG teve seu cadastro aceito pelo Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal (GATANU), uma organização não-governamental criada em 1998, composta por fonoaudiólogos, pediatras e otorrinolaringologistas, além de representantes do Instituto Nacional de Surdez, Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, Ministérios da Educação e da Saúde, cujos objetivos são aumentar a consciência coletiva para o problema da surdez infantil no Brasil, divulgar a necessidade da realização da triagem auditiva neonatal universal (TANU), além de assegurar que o diagnóstico e a intervenção ocorram até os 6 meses de idade.

Fonte: Ascom/HC-UFG