Cronica_eu_enqua
Crônica “Eu, enquanto...” ou Academês: a colocação de uma nova linguagem Heitor Rosa Prezado Astolfo, Sinto não ter participado de sua festa, porém, enquanto chefe de departamento, tive de disponibilizar o tempo para trabalhar em oficinas como facilitador. Naquela ocasião, fui para um outro cenário, fora do meu habitual e interagi com diferentes atores que eu ainda não conhecia bem. Utilizamos várias ferramentas de problematização e conseguimos resgatar diversos assuntos , porém o discurso me pareceu conservador,mas acho que garantiu a transversalidade do processo participativo. Depois conversamos. Abraços. Teofrasto Querido amigo Teofrasto. Senti sua falta na festa, mas seu bilhete me deixou muito preocupado. Não sabia que estava doente. Posso imaginar quanto foi difícil para você mudar de serviço, deixando uma atividade tão importante para ir trabalhar numa oficina de teatro, cheio de atores desconhecidos. Também desconhecia sua habilidade de cenarista ( o que a gente desconhece dos amigos!). É natural que você tenha experimentado várias ferramentas, e deve ter sido mesmo problemático, pois creio que não as tem; eu posso emprestar-lhe várias, todas Black & Decker, que são de boa qualidade e vão realmente facilitar o seu trabalho. Quanto ao discurso, é assim mesmo...Toda inauguração tem discurso e a gente tem de agüentar; por outro lado, garantir a transversalidade, não sei.Talvez fosse melhor ficar em pé. Abraços do Astolfo. Caro Astolfo. Meu querido Teo, Não me lembro de ter emprestado nenhuma mala .Você se esqueceu de me dizer o que vai ser colocado e o lugar em que você quer colocá-lo. Quando lembrar me avisa, pois aqui em casa tem lugar de sobra. Sinto muito se atrapalhei o workday e pelo que entendi, parece que não mais vou ser agente. Tudo bem. Mesmo assim, acho que não posso montar o tal portfólio, a não ser que você me mande a planta e verei se tenho ferramentas adequadas. Nós nos conhecemos bem, e você sabe que minha realidade é um livro aberto. Telefono ou escrevo mais tarde, assim que advinhar o que você quer que eu pense. Seu, Astolfo. Meu bom Astolfo. Explicando melhor, você pode ter um processo participativo em forma espiral, pois nada o impede de ser uma ferramenta para evitar a obliqüidade do ser criativo, enquanto oficina de pensamento ou mesmo de atuar em novos territórios de subjetividade. Ora, se você, por exemplo, for um disparador de análises ou mesmo tiver um agir analisador, então sim você nos dará um idéia inovadora. Por quê não tentar? Eu sei de sua criatividade e, enquanto isso, você se preocupa com coisas improdutivas... Venha interargir conosco. Seu,Teo. Querido Teo, Você tripudia sobre um cansado professor aposentado que apenas conhece a língua pátria, assim mesmo com limitações. Sua última carta deixou-me preocupado com a nossa capacidade de comunicação, e assim, achando que poderia ser uma receita para o meus males reumáticos, levei-a ao Gumercindo, nosso velho amigo farmacêutico, para que a lesse e, se necessário, aviasse. O Gu acha que esse processo espiralado pode ser por espiroquetas, e nesse caso, aconselhou-me a tomar penicilina. A melhor ferramenta para colocar uma peça oblíqua na posição certa é o fio de prumo. Jamais pensei em disparar nada contra ninguém, nem mesmo aquele cretino analisador do laboratório de urina. Não sei se a universidade está mexendo com sua cabeça, mas aquele dia que você pediu perfuncção à sua mãe, ao invés de bênção, e ela achou que você queria um chá de funcho, eu comecei a me preocupar. Se tirar férias, vem pra cá. Abraços do Astolfo. |