Cerca de cinco mil pessoas lotaram na noite de ontem, dia 15 de janeiro, o Centro de Cultura e Eventos Prof. Ricardo Freua Bufaiçal, na formatura da 51ª turma de médicos graduados pela Faculdade de Medicina da UFG. À abertura da solenidade, além do Hino Nacional Brasileiro, executou-se o Hino Nacional de Guiné Bissau em homenagem ao formando Francisco João Mendes, que cursou medicina nesta faculdade, pelo Programa de Estudantes-Convênio Graduação (PEC-G).
A cerimônia de colação de grau, que foi ao mesmo tempo solene e sóbria quanto à formalidade, resgatando o sentido da tradição acadêmica, teve como um dos seus pontos altos o juramento tradicional dos formandos pronunciado em dois idiomas: em grego, no idioma original de Hipócrates( que o instituiu há 450 anos a.C) e em português. Em seguida o reitor Edward Madureira Brasil concedeu a outorga do grau de médico a toda a turma, representada pelos formandos Camila Maia de Moraes e Rafael Panisi de Campos Meirelles.
A oradora da turma, Paula Gonçalves Barreto, pontuou em seu discurso algumas das diferentes dificuldades enfrentadas pelos alunos durante o curso que, segundo ela, os levaram a refletir sobre o sentido da vida e a conhecer realmente o Brasil, na sua desigualdade social, pobreza, miséria e fome. “Tudo isso conhecíamos apenas teoricamente, mas foi ao longo do curso, no Internato, que pudemos ver na prática, quando também conhecemos a morte e tivemos que aprender a encará-la”, disse a oradora. Para concluir, fez um apelo aos seus colegas: “Turma 51, trabalhai e ajudai o Brasil”.
Em seguida discursou o professor Paulo César Brandão Veiga Jardim que, além de emprestar seu nome à 51ª turma de formandos da FM, foi o paraninfo. Discorrendo sobre a história do Curso de Medicina onde é docente há mais de 30 anos, destacou que a história de cada um dos novos médicos está apenas no começo e lembrou que “nada é mais gratificante que o serviço médico, restaurando ou devolvendo a saúde”. O paraninfo ressaltou ainda que os novos profissionais da medicina estão prontos para servir e preparados para o aprendizado da sua arte, que será uma tarefa por toda a vida.
"Universidade não é fábrica de certezas, mas laboratório de dúvidas"
Na sequência da solenidade falou o diretor da FM, professor Heitor Rosa, que depois de cumprimentar os novos médicos pela feliz escolha de proferir o Juramento de Hipócrates no idioma original, usou como tema “o exercício da dúvida” por meio do qual veio o desenvolvimento da Universidade e o aprimoramento do Curso de Medicina, citando como exemplo a mudança de currículo, dúvida experimentada pela 51ª turma da FM. Outra grande dúvida, segundo o diretor, foi a arrojada iniciativa de se construir um novo espaço para as solenidades de colação de grau na UFG, “voltando às origens e realizando uma cerimônia sem a intromissão comercial”.
O diretor lembrou ainda que “a Universidade não é uma fábrica de certezas, mas um laboratório de dúvidas”, ressaltando que no exercício da profissão os jovens médicos encontrarão muitas armadilhas que a competição ou a indústria os induzirão, mas deverão ter em mente que valem mais que uma máquina de última geração, especialmente no relacionamento humano e ético com o paciente. Deu ainda um conselho aos novos médicos: que nunca troquem o diálogo com o paciente pela tela do computador à sua mesa. Concluindo, afirmou o diretor: “Tenho certeza que honrareis o Juramento que fizestes e a Escola que vos conferiu o diploma e o título de médico”.
Após a leitura do Termo de Colação de Grau e a chamada nominal dos formandos para entrega do diploma, discursou o reitor Edvard Madureira Brasil, encerrando a solenidade. Ao cumprimentar os presentes, o reitor dirigiu-se especialmente ao diretor, professor Heitor Rosa, parabenizando “por suas iniciativas inovadoras na FM, sobretudo na área cultural”. Em seguida pediu à platéia um aplauso aos professores, por serem os responsáveis pela formação da nova turma de médicos.Nesta solenidade, 30 professores, representando a congregação docente da FM, estiveram identificados com a veste formal usada nas cerimônias acadêmicas solenes.
O reitor agradeceu também os servidores da UFG, que contribuíram direta ou indiretamente para a implantação do novo espaço de eventos da Universidade, idealizado e construído na sua gestão para solenizar, afastar o aspecto comercial e democratizar as cerimônias de colação de grau, que em muitos cursos vinham sendo proibitivas para muitos alunos, com custos exorbitantes e muitas vezes completamente fora do padrão acadêmico. Mencionou ainda a atuação da FM em vários setores, em especial as atividades das Ligas Acadêmicas, segundo o reitor certamente o maior projeto de extensão da UFG.