
Fórum discute qualidade do ensino e aumento de cursos na área da saúde
Dirigentes de entidades representativas das áreas de medicina e odontologia, juntamente com os diretores das Faculdades de Medicina e de Odontologia da UFG, estiveram reunidos nesta terça-feira, dia 6 de maio, para discutir a qualidade dos cursos de ensino superior oferecidos nessas áreas e o excessivo número de vagas, além da qualidade dos serviços prestados à população. O encontro, que se estendeu por toda a manhã e realizado na Faculdade de Medicina da UFG, ficou denominado Fórum de Discussão sobre a Qualidade do Ensino e suas Repercussões no Serviço Prestado à População.
A iniciativa desse fórum foi da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial(ABOR), que convidou representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM-GO), Conselho Regional de Odontologia (CRO-GO), Associação Brasileira de Odontologia, (ABO), Ministério Público Federal e Conselho Nacional de Saúde (CNS), além das Faculdades de Medicina e de Odontologia da UFG.
Como organizador do fórum, inicialmente falou o presidente da ABOR, Ronaldo da Veiga Jardim, explicando que a odontologia é certamente a área que mais sofre as conseqüências da proliferação indiscriminada de cursos de ensino superior, que muitas vezes conduz ao mercantilismo, sem uma preocupação maior com a qualidade da formação profissional.
Em seguida falou a representante do CNS, Guaraciara Azevedo, salientando que existe um paradoxo: de um lado a proliferação de cursos e de outro, os números indicativos de uma exclusão, já que apenas 13% dos jovens brasileiros têm acesso à faculdade. Na sequência, falou a procuradora da República, Mariane Mello Oliveira, que defendeu que o desafio do governo não é controlar o número de vagas e sim exigir cursos mais eficientes e melhor qualificados.
Já o diretor da FM, professor Heitor Rosa, lembrou que a proliferação dos cursos de medicina sem a preocupação com a qualidade é como uma “metástase do câncer” e o que é preciso é uma melhor distribuição de médicos, evitando sua concentração nos grandes centros e assistindo melhor a população do interior. Admitindo que o excesso de vagas é um problema comum na medicina e na odontologia, sugeriu que seja implantada a Residência também no curso de Odontologia, lembrando que é a Residência que qualifica o aluno.
O diretor da FM questionou ainda a revalidação de diplomas de outros países, salientando que na FM, no ano passado, se submeteram à prova 45 candidatos, nenhum deles aprovado. Finalmente lembrou que “o Sistema Único de Saúde tem um belíssimo plano de saúde, mas, por outro lado, trata muito mal os profissionais e as instituições de saúde”. Na sua opinião, outro problema grave, especialmente nas universidades federais, é a não reposição ou aumento dos docentes, enquanto o número de alunos cresce constantemente.
Por sua vez, o presidente do CRM-GO, Salomão Rodrigues Filho, também criticou a proliferação dos cursos de ensino superior de má qualidade e questionou de forma especial “os atalhos” que há por meio de cursos em Cuba e em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Lembrou, ainda, que as escolas de medicina particulares são hoje um verdadeiro balcão de negócios e quem “paga o pato” é a sociedade.
Em seguida falou o diretor da Faculdade de Odontologia da UFG, professor Gersinei Carlos de Freitas, quando salientou que ao lado de todos os problemas apontados, há carência de profissionais de qualidade, causada também pela limitação de vagas, notadamente nos países desenvolvidos. Para ele, no Brasil a questão não é a falta e sim a má distribuição de profissionais. Quanto à qualidade dos cursos, entende que é preciso urgentemente incentivar a pesquisa científica.
Também falou o dirigente da ABO-Seção de Goiás, Rafael Decurcio, que informou que a entidade há dois anos recolhe assinaturas para um abaixo-assinado contra a abertura de novos cursos de odontologia no país. Por fim o presidente do CRO, Anselmo Calixto ressaltou que 79% da população brasileira dependem do SUS e que, mais do que isso, 98% da população de baixa renda dependem exclusivamente do SUS, enquanto a universidade nem sempre forma profissionais para esse público, já que a maioria opta pelo atendimento elitista.
Também falou o dirigente da ABO-Seção de Goiás, Rafael Decurcio, que informou que a entidade há dois anos recolhe assinaturas para um abaixo-assinado contra a abertura de novos cursos de odontologia no país. Por fim o presidente do CRO, Anselmo Calixto ressaltou que 79% da população brasileira dependem do SUS e que, mais do que isso, 98% da população de baixa renda dependem exclusivamente do SUS, enquanto a universidade nem sempre forma profissionais para esse público, já que a maioria opta pelo atendimento elitista.
Fonte: Imprensa/FM/UFG